
Dos cinco gols da Argentina na Copa do Mundo até agora, quatro nasceram de jogadas de bola pelo alto, em cobranças de falta, escanteio e também em contra-ataques. Contra a Coreia do Sul, o melhor do mundo Messi voltou a dar pílulas de espetáculo em dribles e arrancadas, mas o time de Maradona passou pelo segundo adversário na Copa do Mundo por 4 a 1 também graças aos lances aéreos, e não somente pelo desequilíbrio de seu virtuoso craque.
Com o resultado positivo em Johanesburgo, que contou com três gols de Higuaín, a Argentina se isola na liderança do grupo B, com seis pontos somados, fica muito próxima das oitavas de final e ainda se firma no rol de favoritos, passando ilesa das ameaças de zebras, que pegou a Espanha, por exemplo.
Ao contrário da estreia contra a Nigéria, a Argentina conseguiu ser mais do que Messi no setor de criação. Tevez e Di Maria cresceram em relação ao primeiro jogo e conduziram a equipe pelo chão até o ataque. Aguero também entrou bem no segundo tempo e foi participativo em dois gols.
Mas, se por um lado a Argentina tem o brilho de Messi e companhia na frente, atrás conta com as trapalhadas de Demichelis. O zagueiro do Bayern de Munique teve a bola tomada em um descuido infantil no fim do primeiro tempo, em lance que acabou no gol dos sul-coreanos.
A falha grotesca de Demichelis, no entanto não tirou da Argentina sua segunda vitória em dois jogos na África do Sul. Ainda no primeiro tempo, Park Chu-young marcou contra após cruzamento de Messi em bola parada. O time de Maradona abriu 2 a 0 com Higuaín, de cabeça, depois de escanteio seguido de linha de passe aérea.
No segundo tempo, a Argentina voltou a rolar a bola pelo chão, com Messi. Em arrancada com cara de Camp Nou, o ídolo do Barcelona chegou até a área e bateu duas vezes: uma o goleiro rebateu e a outra foi na trave. No rebote, Higuaín marcou seu segundo no gol no jogo. Pelo alto de novo, os sul-americanos fecharam a contagem, novamente com o camisa 9, após cruzamento de Aguero.
Seja com Messi ou pelo alto, a Argentina demonstra já na segunda rodada ser forte candidata ao título, para alegria de sua torcida, surpreendentemente numerosa na África do Sul. E, de quebra, conta com o personagem mais rico de uma Copa ainda insossa: Maradona. O técnico repetiu o terno da estreia e até dominou uma bola que saiu pela lateral. O Soccer City veio abaixo na breve intervenção do campeão de 86.
Até os 33 minutos do primeiro tempo, a Grécia estava morta. O time não jogava bem, perdia por 1 a 0 e dava sinais de que a apatia da estreia, na derrota para a Coreia do Sul, iria se repetir. Mas então o nigeriano Kaita mudou tudo. Sua expulsão, infantil, por um chute em Torosidis, causou uma mudança digna dos deuses gregos.
E o Segundo Jogo Da Quinta Feira Foi mais ou menos assim :

Com um jogador a mais, a Grécia foi para cima. O time que nunca tinha marcado gols em Copas do Mundo finalmente quebrou o tabu. Seis minutos depois do vermelho, Salpingidis, que foi reserva na estreia, finalmente balançou as redes. Era o fim da maldição: a Grécia jogou a Copa do Mundo de 1994 sem marcar nenhuma vez - incluindo três derrotas, uma delas por 2 a 0 para a Nigéria - e ainda perdeu por 2 a 0 para a Coreia do Sul na estreia no Mundial da África do Sul.
Um jogador a mais, aliás, foi a chave. Com a vantagem, o técnico Otto Rehhagel mudou. Tirou Papastathopoulos e colocou Samaras. E o time renasceu. A Grécia, que pouco atacava, passou a ser uma máquina ofensiva. O goleiro Eneyama fez um milagre antes da jogada que terminou no ngol de Salpingidis, no primeiro tempo.
No segundo, a pressão continuou. E o goleiro nigeriano seguia brilhando - como já tinha feito contra a Nigéria. Pegou uma bola de Kyrgiakos aos 10 minutos. Outra de Gekas aos 24. E, na mesma jogada, veio o lance do jogo para a Nigéria. No contra-ataque, Obasi perdeu o gol amis feito das Copas até agora. Sozinho, após o goleiro Tzorvas já ter feito um milagre, ele tinha o gol vazio. Tentou bater de primeira. A bola saiu ao lado do gol.
O goleiro nigeriano ainda fez mais um milagre: aos 23 minutos, Samaras cabeceou, livre. Eneyama pegou, em uma defesa difícilima, no mesmo nível da de Valladares, de Honduras, no jogo contra o Chile, na quarta-feira. Mas ele não é santo. E falhou. O melhor do jogo até os 25, ele não conseguiu segurar o chute de Tziolis. Torosidis, o mesmo que tinha levado Kaita à expulsão, aproveitou o rebote.
Foi a primeira virada da Copa do Mundo, que evita que a Argentina, de Maradona, seja o primeiro time classificado para as oitavas de final. Na última rodada, os gregos encaram a Argentina precisando de um resultado positivo. Já os nigerianos ainda podem se classificar. Para isso, precisam vencer a Coreia do Sul por bom saldo de gols e torcer contra a Grécia na partida contra Messi & Cia. Resta só saber se, da próxima vez, ninguém peça para ser expulso.